Consegui atingir meus objetivos para o ano, em fim de história — com final feliz, aliás.
Estudarei com o spalla da Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí. O objetivo agora é a França, Itália, Inglaterra ou Espanha.Não sei como chegarei lá, mas em março do ano passado eu também não sabia como ter aulas com o spalla da orquestra do melhor conservatório da América Latina.
Toquei Chanson Triste de Tchaikovsky na segunda etapa. E que disputa intensa! De 2.000 candidatos, sobraram menos de mil para a segunda etapa. Havia 46 violinistas para disputar as 13 vagas disponíveis na segunda etapa. Estou entre os 13 selecionados.
Como o ano passado, não faço a menor ideia de como há de ser 2013. Mas sigo, a vida corre... corre bem.
A meta para 2014 é Zigeunerweisen de Sarasate e/ou o terceiro concerto para violino e orquestra de Mozart. Se sou falado aos ares pelas bandas de só Deus sabe onde por toda a minha força, dedicação e por todo o resultado de meu trabalho, já não vejo impossíveis... não vejo futuros impossíveis desde há muito.
Como em 2012, para atingir a meta impossível de tocar Tchaikovsky e Vivaldi, farei o mesmo: traçar um rigoroso programa de estudos.
Por fim, fiquem com o Dante e Sarasate. Ele interpreta muito semelhante à mim:
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Tudo corre bem.
O blogue está chegando ao fim, devo dizer. Estou em um novo ciclo, o blogue é d'outro ciclo que acabou de terminar.
Ao menos, para as pessoas que acessam este endereço, revelarei quem sou.
É melhor ter amigos, não tê-los ou tê-los longe? Não sei, mas o G.I. disse-me: "O teu problema é que você vive sempre só e suas atividades diárias ajudam nisso". Normal, logo passa. Calminha para mim!
Meu problema agora é que estou aflito por não ter estudado meu violino hoje. Estou orgulhoso de mim mesmo, sei que fiz bem em todos os meus últimos passos. E meu pai decidiu me visitar todos os dias, como nunca antes. E como ele faz questão de sentir meu toque! Meu desejo interno é de avisá-lo que não estou em tempo para visitas calorosas do gênero, mas não quero magoá-lo.
Acho que nunca terei V. e ele nunca me terá. Ando tão sabendo de nada nos tempos de hoje. Nem sei se não sei de fato ou se estou mentindo. Não sei... O pior é que sou cético. Que nada de ar estou. Mas bem que ar só é nada em meu pensamento. Ar é algum coisa. Aliás, toda coisa que não é "coisa" mesmo sempre é alguma coisa. Nós que somos intolerantes e egocêntricos. Sempre haverá algo além de nós, é o infinito.
Não sei de meu futuro. Que angústia e dor não saber d'ele me provoca. Mas e o presente? Farei de meu presente angústias e dores pelo que ainda me será presenteado? Pensando bem, é melhor não fazê-lo.
Farei compras. Violino novo, vida nova. Eu amo meu atual violino. Aliás, eu amo sua aparência de violino profissional, antigo e valioso. A verdade é que ele é um Eagle VK 644. Não, ele é o Apóllimes. De qualquer modo, causo admirações com a sonoridade que posso extrair dele em condições de um violino que não é ótimo e nem bom, só regular.
Dessa vez eu quero um violino secular, com cerca de 150, 200 ou 300 anos, no máximo, e com assinatura de luthier, francês ou italiano — fico extremamente em dúvida em tal parte. Os franceses parecem durar mais. Mas os italianos geralmente só têm fama, mas possuem uma sonoridade tão sedutora, são cheios de harmônicos, doces nos agudos e impactantes nos sons graves. São, de fato, encantadores. A verdade é que, no fundo, eu quero um equilíbrio desequilibrado.
Percebi que é só falar, escrever, pensar em violinos ou em curvos que meu ar, tom e expressão mudam completamente. Estava a assistir a um filme com minha irmã, e eu me distraía ouvindo as notas em mim de arpejos em Sol Maior de três oitavas. Ela ainda pensa que estava notando detalhes do filme...
"vou confessar, estou quase desistindo... como assim??, fiz planos por 1, 2, 3, 4, 5 6, 7, 8, 9, 10 dez meses e vou para agora? logo agora? parece que nem mesmo a carta da Clair levantou os ânimos. vou fechar o blogue... — O que tem a ver o blogue? — milhas longe é onde a minha depressão está, mas é bem verdade que tem momentos que sinto vontade de fazer nada, nem música, nem história, nem literatura, e parar... parar... vou continuar..., mas não por haver um forte motivo interior que faz impulsioná-lo, por algo externo e que não posso compreender. é algo que não se pode ver. nem sentir não se pode. sentir?? ... eu vou por ir... e vou... não sei para onde irei mais... mas irei... irei por ir... é insistir para existir... acho que é o cansaço físico, mais minha nostalgia, e as dores por todo o corpo causado pelo meu violino... preciso de um médico... mas só depois da viagem... não posso não viajar... o que há de me ocorrer nos próximos seis meses? e nos próximos oito anos, o que há de me ocorrer? que horror é o escuro do destino... escuro seco, gosto de algo molhado de preto... molhado de mar... de mar agitado porém lento... molhado de mim sobre o mar... molhado de mim sobre o mar e sob nuvens pouco espessas... finas... agudas... agudas como lá... lá menor — É o tom de uma música.— ... vou ler... amar é o que me sobra... acho que a diferença ente mim e meu pai é que eu ainda tenho esperança na humanidade e ele, por suas experiências pessoais, a perdeu num processo lento de misantropação ... — É o que acontece quando se escreve pensamentos.— não tenho dúvidas que isso o tornou a figura que ele é, uma adição de sabedoria, ignorância, filosoficamente falando, sentimentalismo, melancolia, pessimismo e indiferença por tudo da vida. gostaria de ser como qualquer um... gostaria de não saber de nada... viver sem sentir a realidade... viver num mundo pequeno onde a ignorância e a escuridão seriam os saberes supremos... hora de ir...
Confesso que gostaria muito de ficar com meus pensamentos. Gosto de pensar e escrever o que penso, sem censura. Foram pouquíssimos minutos de pensamento o que eu escrevi. Hora de ir, tenho aula. E posso imaginar que bela aula será já que não conseguir progredir o que deveria hoje. :(
Estou estudando um concerto de Vivaldi. Sei que estou fazendo algo impossível para alguém que começou a estudar música tão tarde — tão tarde pelo meu pai que queria que eu fosse um advogado —, mas meus ouvidos sempre exigem perfeição mesmo quando meu professor diz "está bom, rapaz". Antes que eu me esqueça, tal é o concerto — a interpretação seguinte é a mais semelhante à minha interpretação. Para deixar claro, não suporto a interpretação virtuosa-academista de Fabio Biondi, apesar de admirá-lo em todas as suas façanhas barrocas —:
Partilho convosco por estar felicíssimo. Ele deve-se ao fato de conseguir dar um Mi muito bem afinado entre o vigésimo e trigésimo segundo do primeiro minuto da interpretação que postei.
Esses dias tem sido de grandes descobertas: descobri que meu pai escreve,descobri que meu pai é sentimental e melancólico quanto eu, descobri que ele também escrevia na adolescência; descobri que ele escrevia poesia no sótão de sua casa; descobri que meu amor pode ser muito bem correspondido pelo V.; descobri que meu pai escreve datas como eu escrevo, sem caracteres separativos dos números das datas, meses e anos; descobri que eu e meu pai temos mais coisas em comum do que pensávamos.
O fato do V. foi como assim: era réveillon, faltavam cerca de 90 minutos para se findar o 2012, estava a ir para a praia ter com a família. Meu objetivo, depois de esquecer o tempo enquanto estudava música, era chegar a tempo dentro de um táxi num trajeto congestionado. Entre tudo, não parava de pensar em V. Ele disse que também teria com a família, mas em Porto. Foi então que decidi lhe escrever uma pequena mensagem via telefone móvel. Escrevia, e escrevia sem consciência. Não me reprimia, logo disse de meu amor para ele.
Pensei em apagar as palavras reveladoras e ditas, mas lembrei do que o L. B. T. disse-me: "Ele é feito de átomos. Você pode tocá-lo. Beija logo ou então eu atravesso o oceano para te fazer beijá-lo." Eis um trecho da mensagem que enviei para V.: "... Bom réveillon. (Aqui há um parágrafo) Em tempo, te dou todo o meu amor e de todo o mundo. (Parágrafo) Abraço, A." (Nota: 22331831122012)
No outro dia, após tomar um banho, liguei para ele. Conversamos por bastante tempo. Falamos das nossas atividades nos primeiros dias do ano, eu falei de meus estudos, ele me deu alguns conselhos e pediu para eu não ficar ansioso; depois fiz ouvi-lo falar de seus planos de estudos para 2013. Como nas conversas despretensiosas, onde não há o trajetória das palavras é a ausência dela, é a presença do ar como caminho apenas, falei de meus planos para o francês e inglês em 2013. Não citei meu romance e minhas novas inspirações, que pretendo deixar para 2015, se nada me melhor me vier.
No fim, algo que eu realmente não esperava: ele despediu-me de mim com um beijo. Foi "Beijo!". Fui recíproco; e vibrei quando desliguei o telefone.
Homens pernambucanos, ao menos eles, não têm o hábito de se despedirem com um beijo em qual' que seja a situação. Tenho muitos conhecidos, de todas as partes da Terra. Trato-os, numa parte maior e considerável, como fui tratado pelo V. na despedida. Então não me seria surpresa um beijo. Mas o V., como pernambucano e não possuidor de tais hábitos, fez-me vibrar em alta intensidade. Foi um progresso. O R. W. falaria: "Até que fim... mas eu gostaria de ser devagar assim."
O fato que eu não me preocupo, por amá-lo como nunca poderei amar outra pessoa. Quero-o feliz, só. Que seja o que há de ser!
Andei pensando que o final de Ar e Água terá uma partitura com a música de nosso amor. Claro que eu mesmo farei o arranjo. E , instrumentalmente, pretendo deixar a música mais complexa, com mais veleidades. Terá piano, theremin, um instrumento que pretendia apresentar a vós em "Sobre Quaisquer Cousas", e mais alguns outros instrumentos que estou a decidir se e de. Em fim de escrita, eis o theremin:
A thereminista querida é a Clara Rockmore. Talvez, depois, eu faça disponibilizar um disco dela.
P. S.: Como tenho orgulho dessa orquestra. O governo há de pagar meus trânsitos aéreos se eu estiver longe de Pernambuco e compondo a orquestra ao mesmo tempo nos próximos anos.
Venho, após chegar em casa e após uma dia que foi o mais perfeito da minha vida segundo meu pai, partilhar uma imperdível pérola virtual. A sério, Clarice sempre será minha melhor.
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
Vim felicitar a Margot, o César, o Paulo, a Geo, o Serginho (recifense arretado) e todos que me leem por cá. Grande abraço! Um bom revéillon para todos, desejo-vos.
Diálogo 20122012 — Mas quando? Faltam 20 dias para a viagem. — Digo. — Vinte?? Vou morreeerr... — em tom de desespero, responde. — Também se eu voltar teremos todo o tempo do mundo. Relaxa. — Por que você não me falou antes? — Tu estavas dormindo quando tentei falar acerca... — O que você vai fazer na quarta-feira? — pergunta-me ele. — Nada. — retruquei. — Fale a verdade. Não desmarque nenhum compromisso, viu? Você tem alguma coisa na quarta? Fala sério. — A sério, então: Eu não tenho nada. Minha última apresentação será no sábado com o ballet. E estou completamente relaxado. Até menos ansioso, que saibas. — Sei... Quarta será nossa despedida então. Vou te ensinar outros métodos de meditação, iremos tocar a música para minha irmã, vamos assistir ... — em tal momento eu não escutei nada por mais, havia alguma interferência -, vou falar com minha amiga que visita o templo budista ... — não compreendo novamente, apesar de estar silencioso ouvindo-o falar para mim seus planos à nossa despedida —, tem muita coisa para a gente fazer. — Ok! Posso supor que passarei o dia contigo. Eu estou certo ou errado? — Vamos marcar o horário, certo? Dias antes nós falamos sobre isso. — E não vem com papo de menos ansioso, que eu sei muito bem como você é. — É o motivo da meditação? Esquece. Não responde. — Tem certeza que não tem nada na quarta-feira? — (Ele me conhece mesmo.) Não. Na verdade ia ver o Silvério Pessoa numa peça. Eu acho que ocorre no dia 23, 24 e 25. Eu não sei se eu vou. Mas não é nada importante, de modo que só vou se tiver companhia.
Ele começa a falar do que irá fazer no dia 24. Interrompo-o, já sabendo de seus métodos para me convidar para algo, e indago: — É um convite o que estás a fazer? — É... pode ser. Mas vai ser possível? Não quero te atrapalhar. — Ano passado eu fui a quatro jantares na noite de Natal. Será um prazer jantar com sua família (céus, nem estou acreditando nisso!). — Por favor, não traz o violino. Vão pedir para você tocar música de natal. A minha irmã está lhe intimando a tocar "Noite Feliz" em harmônico. — Na verdade, vou fingir que acabei de sair de um concerto só para levar o violino e tocar. — Não! — Não foi a sério. — Bom, eu irei jantar com sua família. E quem sabe... Ok. — ... — ... — E como andam os estudos? — A andar. Estou praticamente à deriva. O grande problema é que eu não funciono sob pressão. — Nesse ponto você é muito diferente de mim. Eu funciono melhor sob pressão, bem melhor. [...] — Boa noite, V. — Boa noite, A. — Bons sonhos. — Abraço! — ... — Você desliga. Não vou desligar. Você desliga. — Diz V. Desliguei o telefone. Acho que era a vigésima segunda ou terceira hora do dia quando o fiz.
Foi ontem. Foi durante o crepúsculo, foi enquanto movimentava-me que decidi acerca do começo e fim de Ar e Água. Ele, a pessoa para quem dedicarei meu romance, dormia ao meu lado com um velho livro sem capa e folha de rosto entre as mãos.
Aprendi a fazer meditação oriental com ele. No fim, eu prometi que escreveria em meu diário os parágrafos de uma única pauta que começarão e terminarão Ar e Água. Eu não escrevi. Escrevo para não esquecer e acabo esquecendo de escrever, estou bem arrumado com tal situação. Mas eu não poderia esquecer os parágrafos, não depois de esquecer o nome da protagonista. Escrevê-los-ei por cá..., mas eles irão para o meu diário em minutos. Eu o observava dormir e fazia refletir acerca dalgumas questões. A luz de nossa estrela o iluminava quando eu, distraído e já longe de minhas reflexões, apenas vazio de pensamentos importantes, li um último parágrafo duma das páginas de seu livro. Lá havia "O visitador ganhou a porta." O início do romance será "O visitante entra pela porta." O fim será "O visitador ganhou a porta." Só há livros substanciais de Schubert em ingês, fracês ou alemão. Contatei o escritor do livro escolhido. Receberei o livro em minha casa e autografado [\0/].
sábado, 8 de dezembro de 2012
17h50 Andei depressivo essa semana. Vou ao último concerto da Sinfônica Jovem. O concerto me fará bem. Meta do fim de semana: surpreender ao professor na aula de segunda-feira com minha delicadeza ao violino. [45 minutos depois] O problema de sentir demais é que tudo acaba parando por não aguentar tanto sentimento.
Autocarro, Um Historiador Musical no Egito, Um Engenheiro no Egito, "Cairo" Dito em Duas Vozes.
A flor "...ria".
Minutos depois da aula, agora.
Paro para pensar, penso muito; pergunto-me o motivo para não encontrar legenda; não me importo em não sabê-lo.
Sou uma gramínea.
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
Meu corpo está cansado..., porque senti demais hoje. O pior de tudo é que fiz reprimir-me. Não, eu só guardei. Guardei por não achar o melhor momento. E vivo um intenso amor não partilhado. Sou paciente. Ele não é só minha pérola da Capibaribe, ele também é mon chevalier. Pensar que estarei muito distante dele em dois meses dói-me os sentimentos. Ainda estou com partículas próprias do corpo dele, o seu olor idiossincrático, aquele perfume agradável característico naturalmente de cada pessoa. Seu belo e frágil corpo. Todos os seus gestos, todos os seus hábitos, o seu sotaque recifense, tudo isso me faz não ter medo de morrer (estou a ser sincero, apesar de ainda não compreender esse sentimento). E se falei em sentimentos, todos os meus momentos íntimos ou não com ele despertam-me os mesmos sentimentos escritos em meu diário a 12 de novembro de 2012. Eu não pretendia escrever por cá hoje. Na verdade, disse para a G. V. que pretendia parar essa parte da minha cápsula do tempo (o reflectere) até fevereiro. Por mais dedicado à musica que sou, preciso de mais dedicação. Nas palavras do professor, estou "arrasando" com meu grande e atual autoestima e confiança. Estou sendo até mais delicado com meu violino. Tal é a dedicação que abstive-me da escrita, e até parei de escrever Ar e Água, romance que comecei a escrever e que será dedicado para aquele sobre o qual eu falei nos parágrafos acima. Se ele for um leitor muito assíduo e perspicaz (ele só é assíduo, por todas as leituras que já vivi com ele), poderá perceber que Ar e Água é uma das muitas declarações de amor que faço para ele. Recado dado? Eu escreverei pouco por cá até fevereiro. Está sendo difícil afastar-me da literatura, mas parece que eu não escolhi a música. Por vezes, só de quando em vez, penso que as musas me escolheram na realidade. Estudaria música agora. Mas não consigo agora. Preciso descansar meu corpo suado de tanta emoção guardada. Até a próxima. P.S.: Bratz, perdoe-me por não responder seu comentário no poste (não quero ir lá, e não sei o motivo e... não sei). Fico feliz por sua impressões de cá. Agora deves saber que fazes parte da minha memória. Eu tenho seu blogue no meu gerenciador de favoritos, só nunca comento porque sou tímido em comentários nos blogues mesmo — meu pensamento enquanto escrevia: "que a verdade seja dita!" —. És bem achegado por cá. Outro Pós-escrito: Aliás, perdoem-me todos os blogueiros que leem isso aqui. Um dia eu tomo coragem e publico os rascunhos de comentários que tenho no word.
Eu devo ter falado que pediram-me para fazer uma seleção de músicas "extasiantes, relaxantes e, sobretudo, apoteóticas". Acho que a música a seguir será a última da seleção:
sábado, 24 de novembro de 2012
Eis um exemplo de música íntima e humanamente calorosa. Só podia ser Schubert.
Alguém andou se inspirando em mim para compôr. Soube que é uma marcha fúnebre em Sol Menor, meu tom favorito.
Pois é, inspiraram-se em mim e saiu uma marcha fúnebre.
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Desespero total! Meu pai, que nunca se relacionava comigo, apercebeu-se que logo me perderá de vista. Ele quer muito uma chance, mas agora é impossível — carpe diem, meu caro! —. Eu tenho dois meses para cumprir meu cronograma de progressão técnica para se apresentar a uma banca de avaliadores excepcionais. Além disso tudo, tem as apresentações, elas simplesmente explodem em fim de ano. Não terei tempo para dar a atenção que ele merece, não agora. Vou ter calma e deixar acontecer.
Essa semana fiquei preso na área restrita de uma biblioteca da minha cidade. Para acessar a tal área restrita era necessário agendamento. Aquele foi meu quinto agendamento. Eu agendei uma consulta para a décima quinta hora do dia. Eu sabia que seria minha última vez naquela biblioteca, pois o fechamento da tal já era notícia muito bem divulgada. Então, claro, eu precisava mais do que nunca acessar a área restrita e obter alguns dados acerca da família que fundou o Cabo de Santo Agostinho.
O expediente da biblioteca comumente terminava às 20h, mas naquele dia terminaria às 17h — alguém tocou a campainha. Tamanho fora o susto quando vi aquela senhora suada e queimada pelo sol e que deveria estar por muito tempo em andanças a pedir-me uma ajuda. Isso nunca, nunca mesmo, ocorreu na região onde eu moro. Após o susto, ajudei-a; depois lamentei-me por ser apenas humano. Mas se fosse Deus, clamaria para não existir. A Terra é uma piada suja. Quando não são as religiões e as divindades, são as artes que fazem amainar a angústia da solidão cósmica —. Nem um funcionário sequer avisou-me que o expediente acabaria às 17h, se é que mais de uma bibliotecária notou minha pessoa — observai que todas as bibliotecárias do mundo me amam muito, por diversos motivos.
Após mais de uma hora e trinta minutos de pesquisa, fiz dormitar. O fato que permitiu isso foi a minha inocência e despreocupação com a tempo que, para mim, só para mim, havia muito.
Eu acordei cerca de uma hora depois sob uma escuridão monstruosa. Gritei e gritei. Quase chorei. Percebi que tinha pavor da escuridão. Apesar de tudo, desesperar-se não era a melhor atitude. Então eu fiz jogar todo o material que estava sobre a mesa no assoalho e deitei-me sobre ela. Fechei os olhos e liguei para os bombeiros. Fiquei esperando cinquenta minutos com os olhos fechados escutando trechos de músicas no meu cérebro — só consegui lembrar de duas música completas. Acho que são minhas músicas favoritas. Postá-las-ei por cá em quaisquer dias desses —.
O fim: fui resgatado e até meu tio, um líder político muito ocupado, abandonou sua agenda para ir até o local. Todos ficaram estupefatos com a negligência dos funcionários públicos. Não estarão a trabalhar em breve naquele local, muito provavelmente. Passo bem.
Amanhã tenho uma festa de "ressaca halloween" para ir. Eu iria apenas para agradar G. V., a anfitrioa. Eu seria o único parceiro acadêmico dela que estará presente na festa. Sei o quanto seria decepcionante sentir a ausência de pessoas importantes num momento importante. Numa única manhã, a minha mãe gastará R$600 — sem mencionar o motorista que me acompanhará em tudo e todas as outras coisas desnecessárias — comigo nalgo que eu nunca gastaria: fantasia para festa de halloween. Estou pensando em não ir para gastar o dinheiro com livros. Sério, eu posso vestir um black tie, mandar alguém fazer uma capa "macabrosa", pesquisar maquilagens vampirescas na Rede, maquiar-me e ir de vampiro.
Carpe diem para mim é ler um livro, ir a um museu e fazer umas loucuras de vez em quando (perder os sapatos num jardim e entrar descalçado na abertura de uma ópera é um mui bem vivido exemplo).
Aqui está uma das músicas que eu lembrei quase que de modo completo na biblioteca:
P. S.: Tenho medo de perder algo importante na festa. Sinto que encontrarei alguém muito especial. Dessa vez, não será como o A., que se tornou um de meus personagens nostálgicos. Mas não gastarei 600R$ em fantasias, francamente. Um absurdo! E vou de auto-carro, na volta eu pego um táxi pois estará tarde para um rapaz de 16 anos.
sábado, 17 de novembro de 2012
Posso aliviar minhas dores, já que comprei meu encordoamento Mauro Calixto. Confesso que fiquei tão tentado a comprar Obligato.
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Passei o dia compondo. Como se isso não bastasse, comporei em sobre a latrina. [...] Chá de morango?? Enquanto o tomava, pensei em compor algo com o nome de "As Quatro Vidas de Nefertiti". Ainda não sei a instrumentação e nem o que eu, realmente, gostaria de expressar pondo Nefertiti no meio de minhas criações.
Para resumir, a vida minha está nesse exato estado —a primeira corda do meu violino quebrou e não encontrei o que eu queria nas lojas de música por cá —:
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Descobri que o nome da cachorra da vizinha se chama Susie. Susie é o nome da minha antiga vizinha que muitíssimo gostava das minhas horas de estudo musicais. Recebi a carta mais esperada da semana. Já a li sete vezes. Li enquanto escutava Schubert, era um de seus primeiros quartetos de cordas. Após lê-la pela terceira vez, decidi que estava na hora de pôr um vinil com dois concertos para trompa de Mozart. Por mais divino que ele seja, apercebi-me que não era suficiente. Pus, então, músicas angelicais de Schicco Salles. Quando a pus, tomei consciência da minha inquietação interior. Faz quinze minutos que tomei um banho. Com essa confusão interior em mim, tomarei outro, completamente em silêncio. Tenho concerto após o ocaso. Não quero mesmo ir. Eu tenho certeza que é por causa dessa minha confusão interior. Vou ao concerto. Porei meu melhor traje e farei tudo como manda o figurino. Para piorar tudo, a pessoa mais importante da plateia não estará lá. Acabo de receber a notícia via correio eletrônico que ele terá um jantar. Eu respeito. Ainda bem que eu decidi que não me declararei, pois prometi a mim mesmo que, se, por desventura nossa, ele, a pessoa mais importante da plateia, não fosse, eu distribuiria todas as rosas brancas para as pessoas no Hall do Teatro; e mesmo que eu sofresse, não seria solista nem mais uma vez na nossa relação — eu não queria mesmo me prometer não ser mais solista, mas, de vez em quando, eu faço essas pequenas promessas que dificilmente faço cumprir. De fato, eu sei, sem querer admitir, que seria solista mais inúmeras vezes por ele — . Seríamos parceiros de orquestra sinfônica, e só — agora, depois do que escrevi anteriormente, sabeis que é mentira —. Estou bem melhor. Agora compreendeis o que eu quis dizer aqui quando disse que escrever e tomar banho são dois modos de sobrepujar — palavra favorita em ação — a efêmera mediocridade da vida? Dei aulas de astronomia para o meu pai hoje; depois eu lhe ensinei a usar uma bússola. Sinal que o nosso relacionamento está melhor. Isso é ótimo, pois eu não queria não ter um pai. Estou querendo encontrar o F. G. no concerto, o teólogo italiano que me fez adicionar mais cinco cidades do norte da Itália para serem visitadas no futuro. Um abraço, meus caros. P.S.: a pessoa mais importante da plateia agora se vai para longe de mim dizendo: "um abraço do tamanho do planeta Terra". E aí, então, eu fico com medo, pois ele morrerá se tentar me abraçar grandemente. A pensar que eu dei a ideia do abraço do tamanho do planeta Terra, sentir-me-ei extremamente culpado se ele morrer na tentativa de me abraçar grandemente.