— "Professor, me desculpe. É que eu estou numa fase de transição. Está tudo muito difícil e minha vida está uma correria, como sempre. O Sandro saberia bem do que eu falo. Tudo vai normalizar. Em breve..."
...
— "Meu Deus! Mãe!, nunca imaginei que era tão bom ficar assim, só. Preparar o próprio almoço é ótimo. A noite ficou mais bela, ela se tornou minha. Não me senti tão só. Vai para a casa da praia próxima semana também? A senhora precisa relaxar."
Vou por leite no copo; penso nele. Enquanto isso, começo a imaginar uma situação na fila do Teatro.
Como sempre, ele chegava por trás e me dá um susto com suas mãos tocando subitamente a minha espalda. Entre as conversas, nos embaraçamos ao percebermos que estamos a entrar em caminhos que revelam os segredos secretos sobre nós, escondidos com sutileza dentro de ambos. O olhar manso dele. O olhar absorto meu; rimos, então.
Ao sentir o leite na minha mão, volto para esse mundo onde escrevo isso agora. Tenho uma ideia, repentinamente. Uma grande descoberta estava por vir. Eu, inocente que sou, nem imaginava. O destino é cruel, e, apesar de sentir fortes dores de cabeça com o aroma de algumas rosas, eu sempre imaginei que o céu era feito de pétalas brancas.
Vejo uma gota de leite cair sobre a mesa da cozinha e a tomo com o dedo para pô-la em degustação na boca. Eis a descoberta:
— "Leite sem açúcar não é gostoso. Não gosto de leite sem açúcar."