Desespero total! Meu pai, que nunca se relacionava comigo, apercebeu-se que logo me perderá de vista. Ele quer muito uma chance, mas agora é impossível — carpe diem, meu caro! —. Eu tenho dois meses para cumprir meu cronograma de progressão técnica para se apresentar a uma banca de avaliadores excepcionais. Além disso tudo, tem as apresentações, elas simplesmente explodem em fim de ano. Não terei tempo para dar a atenção que ele merece, não agora. Vou ter calma e deixar acontecer.
Essa semana fiquei preso na área restrita de uma biblioteca da minha cidade. Para acessar a tal área restrita era necessário agendamento. Aquele foi meu quinto agendamento. Eu agendei uma consulta para a décima quinta hora do dia. Eu sabia que seria minha última vez naquela biblioteca, pois o fechamento da tal já era notícia muito bem divulgada. Então, claro, eu precisava mais do que nunca acessar a área restrita e obter alguns dados acerca da família que fundou o Cabo de Santo Agostinho.
O expediente da biblioteca comumente terminava às 20h, mas naquele dia terminaria às 17h — alguém tocou a campainha. Tamanho fora o susto quando vi aquela senhora suada e queimada pelo sol e que deveria estar por muito tempo em andanças a pedir-me uma ajuda. Isso nunca, nunca mesmo, ocorreu na região onde eu moro. Após o susto, ajudei-a; depois lamentei-me por ser apenas humano. Mas se fosse Deus, clamaria para não existir. A Terra é uma piada suja. Quando não são as religiões e as divindades, são as artes que fazem amainar a angústia da solidão cósmica —. Nem um funcionário sequer avisou-me que o expediente acabaria às 17h, se é que mais de uma bibliotecária notou minha pessoa — observai que todas as bibliotecárias do mundo me amam muito, por diversos motivos.
Após mais de uma hora e trinta minutos de pesquisa, fiz dormitar. O fato que permitiu isso foi a minha inocência e despreocupação com a tempo que, para mim, só para mim, havia muito.
Eu acordei cerca de uma hora depois sob uma escuridão monstruosa. Gritei e gritei. Quase chorei. Percebi que tinha pavor da escuridão. Apesar de tudo, desesperar-se não era a melhor atitude. Então eu fiz jogar todo o material que estava sobre a mesa no assoalho e deitei-me sobre ela. Fechei os olhos e liguei para os bombeiros. Fiquei esperando cinquenta minutos com os olhos fechados escutando trechos de músicas no meu cérebro — só consegui lembrar de duas música completas. Acho que são minhas músicas favoritas. Postá-las-ei por cá em quaisquer dias desses —.
O fim: fui resgatado e até meu tio, um líder político muito ocupado, abandonou sua agenda para ir até o local. Todos ficaram estupefatos com a negligência dos funcionários públicos. Não estarão a trabalhar em breve naquele local, muito provavelmente. Passo bem.
Amanhã tenho uma festa de "ressaca halloween" para ir. Eu iria apenas para agradar G. V., a anfitrioa. Eu seria o único parceiro acadêmico dela que estará presente na festa. Sei o quanto seria decepcionante sentir a ausência de pessoas importantes num momento importante. Numa única manhã, a minha mãe gastará R$600 — sem mencionar o motorista que me acompanhará em tudo e todas as outras coisas desnecessárias — comigo nalgo que eu nunca gastaria: fantasia para festa de halloween. Estou pensando em não ir para gastar o dinheiro com livros. Sério, eu posso vestir um black tie, mandar alguém fazer uma capa "macabrosa", pesquisar maquilagens vampirescas na Rede, maquiar-me e ir de vampiro.
Carpe diem para mim é ler um livro, ir a um museu e fazer umas loucuras de vez em quando (perder os sapatos num jardim e entrar descalçado na abertura de uma ópera é um mui bem vivido exemplo).
Aqui está uma das músicas que eu lembrei quase que de modo completo na biblioteca:
P. S.: Tenho medo de perder algo importante na festa. Sinto que encontrarei alguém muito especial. Dessa vez, não será como o A., que se tornou um de meus personagens nostálgicos. Mas não gastarei 600R$ em fantasias, francamente. Um absurdo! E vou de auto-carro, na volta eu pego um táxi pois estará tarde para um rapaz de 16 anos.
Aqui está uma das músicas que eu lembrei quase que de modo completo na biblioteca:
P. S.: Tenho medo de perder algo importante na festa. Sinto que encontrarei alguém muito especial. Dessa vez, não será como o A., que se tornou um de meus personagens nostálgicos. Mas não gastarei 600R$ em fantasias, francamente. Um absurdo! E vou de auto-carro, na volta eu pego um táxi pois estará tarde para um rapaz de 16 anos.
Ser trancado em uma biblioteca pode ser ruim...ou não!!! Depende de quem ficou de fora. Acho que me sentiria em casa, gosto de estar entre livros... nem preciso lê-los, estar com eles, já é suficiente.
ResponderExcluirAproveite a festa... mas é um preço caro, realmente, por uma fantasia fora de época.
Abraços