segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O visual, Aventuras Quânticas no Transporte Público Brasileiro, Per Aspera ad Astra

     Fizeram notar o novo visual? Sim, claro. É devido a um livro que li antes de começar a escrever neste blogue. Ainda não fiz resenha dele pois foi Clarice Lispector quem o escreveu. E eu a como, sinto-a e a digestão demora dias, mas por vontade própria, pois só se ler ela assim. Quem leu o livro descobrirá por uma lembrança da capa que será trazida pelo novo plano de fundo do blogue, sem citar o novo título, que fala absolutamente tudo, descartando até o plano de fundo inexato. Também pretendo trocar o endereço do blogue em cinco dias para "adescoberdomundo.blogspot.com".
     Eu pensei em escrever este poste e falar acerca do Alexandro, do qual eu já tratei aqui. Ocorram-me muitas coisas incríveis e também assaz deprimentes na última semana, de 29 a 5 de agosto. Eu o vi pela primeira vez, como descrevi no link citado, a 17 de abril de 2012, após o crepúsculo numa noite chuvosa. Pensei, após enviar meu correio eletrônico para minha amiga e ler sua resposta, que o eu esqueceria. Mas após o crepúsculo de 31 de Julho de 2012, numa noite chuvosa, eu o vejo entrar no ônibus e sentar no lado direito do autocarro, onde eu também estava e onde era o lado oposto donde nos sentamos juntos pela primeira vez. Fitamo-nos, lembramos de nós dois, era a prova que sentimos algo naquele dia.
     Entretanto, eu não quero continuar, pois não estava em minhas pretensões ir tão profundamente no meu escrito acerca do "ocorrido de carência". Descrevi objetivamente — há bem mais subjetividade e psicologia do que possam imaginar —, houve muitas emoções, idiossincrasias e outros gestos peculiares que observei. Eu tremi, fiquei extasiado e parei de ler um artigo acerca de mangas. Nos excitamos, ele me sentiu a algumas cadeiras além de mim e eu o senti. Fechamos as janelas ao mesmo tempo e também olhamos concomitantemente para a criança que chorava. Houve muitas outros pequenos ocorridos nesse magno acontecimento. Mas eu desisti e pretendo fazer de Alexandro nada mais que um personagem em minhas estórias. Ele há de ser meu eu lírico no mundo real, eu o sentirei enquanto escrever, e ele será meu eu lírico no mundo em que criarei. Então, ele me abandonará nas "Aventuras Quânticas no Transporte Público Brasileiro" e continuará existir noutros contos meus. Talvez ele me pertença na vida real, se não, estou conformado desde já. Resigno-o com paciência mansa de árvore secular. Paro aqui, pois como já disse meu escritor francês favorito, Guy de Maupassant, "a memória é um mundo mais perfeito que o Universo".

     Hoje conversei com o maestro L. T.,  incrível como em algumas horas conversas nos tornamos íntimos, amigos e fraternais. O propósito de nossa conversação era apenas tratar de assuntos acadêmicos acerca de meus futuros estudos noutras instituições. Foi tudo marcado e houve toda aquela solenidade de início de conversa entre pessoas que não se conhecem. Ele namora o T. S., que me indicou para ele, o L. T. É um casal lindo! Se tiverem lendo-me saibam mais uma vez que os congratulo e desejo muita iluminação, paz, amor e sucesso ao relacionamento.
     Mas a cerne da conversa e o que cá anseio expor não está em nada do que falei, está nas lembranças que trouxe-me ela. Uma delas, fez-me retornar para quando eu tinha quase 14 anos, quando também escrevi um conto que até hoje leio em vertigem. Eu o escrevi numa biblioteca e publiquei ano passado no sítio virtual (Autores.com.br). Ele chama-se Per Aspera ad Astra, leiam-no:

   "Defronte ao grande Abismo Lacrimoso de obscuridades, estava desamparadamente sedento. Ele, sobretudo, no grande abismo flutuava com contrariedade à gravidade, realidade e razão. “Per Aspera Ad Astra”, — sussurravam os Seres Sussurrantes iluminados, híbridos e presos na obscuridade do Lacrimoso. Entretanto, suas luzes escuras eram de tanto offuscatio que as sombras imperavam Nele. No profundo isolamento, sentia vibrações. Pareciam-me altas notas. Cujas provinham Dele, feixes de luzes iluminavam todo o meio do diferente ser de túnica, que através desta, parecia-me esconder alguma desintegração, enigmático e taciturno. Observou-me, não aos olhos. Sempre imaginei que já sabia de minha presença. Algo portentoso havia dentre seus pulmões pulsantes de ar. Não podia vê-los, mas senti-los. De alguma forma, Ele fazia-me saber disto.
     As vibrações oscilavam. Eis que as Musas avisam-me, não a física palpável, a identidade das vibrações: “Ode an die Freude” — murmurava-me à mente. Bizarramente, apenas após disto dei-me a ver suas faces de expressivas alegrias. Já despido, Elysium diferentes de outrens, oscilava na Quasi una Fantasia.

      Observou-me, desta vez, com seus ofuscantes olhos sombrosos que me cativaram e aprisionaram-me. Então, senti liberdade infinita: os olhos d’aquele ser penetraram os meus.

     “Oh, amado Ludwig! As estrelas virão para ti, com o meu amor sem fim.” — Cantarolava para mim, que já estava beirando a inconsciência, em tom melódico. Havia em mim apenas a neutralidade.
      “E das sombras de teu coração emanarão nossa eterna comunhão” — retrucava-O.

     A Ode dos Seres Sussurrantes tornava-se mais alta ao ponto de que uma vasta sombra saia dentre os pulmões de Elysium. Os firmamentos em tom vermelho abalaram-se. Buracos Negros e Buracos Brancos colidiram-se criando tudo que há de perfeito, pérolas, rosas e morangos no céu. A Ode dos Seres Sussurrantes tornou-se apogética a uma crispação até às escuridões do abismo enquanto inconscientemente dançava de forma irreal com Claudius e a Donzela, adormeci.

      Agora havia gravidade, realidade, razão o bastante e o abismo de luzes sombrosas tornou-se o mais perfeito Abismo Lacrimoso de sombras iluminadas e obscuridades esclarecidas. Por fim, despido e “integrado”, Elysium trouxe-me às profundezas do perfeito abismo, onde agora Deus e Satã com mãos entrelaçadas, vieram, assim como os anjos e demônios, a cerimônia bailar.  Flutuando, com um único gesto, guiou-me da beira do abismo aos pés dEle. Tudo Nele era tão ofuscante que em poucos instantes encheu-me de sombras. Pasmaram-se todos ao verem a minha luz sobressaída a todos os deuses e demônios e Seres Sussurrantes. Deus sentiu-se humilhado e condenou todos os amistosos demônios e anjos ao fogo eterno.

     Pairo no vácuo impulsivamente sobre todos enquanto uma guerra jorrava fogo atrás de mim. Eis que torno-me o Deus sol e todo o sangue, desesperanças, desventuras, desilusões, fomes e pestes cessam-se quando do sedento ao apaziguador torno-me. Mas este não era meu objetivo após o desfecho das objeções. Da mesma forma que pairei à cima, desci ao meu amado enquanto os Seres Sussurrantes reprimidamente sussurravam ao som de tambores, flautas e harpas: “Per Aspera Ad Astra.”

      Olhei nas profundezas de seus olhos negros, e falou-me à mente: “Oh, amado Ludwig! As estrelas vieram a ti, com o meu amor sem fim.”

“E das sombras de teu coração emanaram nossa eterna comunhão!..., meu Elysium.” — Retruquei-lhe beijando-o. Após, abraçamo-nos, damo-nos as mãos e como as estrelas das sombras perfeitas mostramos ao cosmos e a todos os deuses, demônios e Seres nossa perfeição e do nosso amor enquanto saíamos do abismo ao bailar das cintilantes estrelas.
     Eternamente amei-o e ele amou-me. Compus estridentes e catárticas composições amorosamente sutis e do nosso leite que alimentava nossa pequenina Hypatia nasceu as voluptuosidades da elegante Via - Láctea, que desta, por sua vez, proveio as sombras iluminadas: a vida e os humanos.

Ofegantemente inspirou e expirou.
— Eis aí, humanos! — falou o mendigo em tom arrogante para o guarda que o acordou pedindo para sair defronte da Grande Biblioteca Nacional de Quimerolândia.
— Saia já daí moribundo! — Gritou em tom extremamente arrogante.
— Arruínem-se, arruínem-se todos vós, destruidores de sonhos! — Respondeu ao guarda assentindo a ordem de retirar-se do local: berço da Quimerolândia."
     
     Também começarei a por títulos nos postes e organizar marcadores, mas ainda manterei a inexistência pública da opção de seguir este blogue.


     Cesinha, leio seu blogue desde o segundo dia deste ano. Já comentei como Herr Limes meses depois de teres escritos muitos dos teus postes só por introspecção e timidez mesmo. Posso não comentar, mas acompanho o desenrolar do drama de sua vida. Sucesso, caro rapaz!
     Margot, acompanho seu blogue desde julho e ainda não o segui por motivos inconscientes. Gosto de ver o mundo e a sensibilidade dalgumas pessoas nele, eu vejo isso no que escreves e vejo nos comentários de seus postes também. E seu blogue também é remédio quase tão bom quanto escrever. Iluminação e paz, cara Margot!
     Eu não imaginava ter ninguém aqui comentando, e por isso o nome era Reflectere, pois servia apenas para mim. Mas agora estou começando a aceitar que se escrevo, escrevo para o mundo. É a dor de quem tem filhos. Agradeço a quem esteve acompanhando as lágrimas de nascimento dum bebê.


Grande abraço,
até a próxima!