Descobri que gosto muito de estar só. Sinto-me melhor só. Sinto sem motivos.
Estou doente e de licença médica, então passei o dia organizando minha vida. Estive organizando coisas que não necessitavam de muito esforço físico.
Houve algo que deixou-me embaraçado, tonto e que desorganizou-me no mundo físico. Algo que eu há alguns dias atrás temia escrever acerca. Esse "algo", que deixará de ser algo com o próximo verbo escrito na terceira pessoa do singular, é alguém.
Ele tem meus pensamentos, tem uma música escolhida por mim, tem páginas de meu bloco de anotações que falam acerca de ele, tem minha perdição nele, tem minha ansiedade... e tem o meu amor.
Sobre a ansiedade, decidi que hei de me acalmar um pouco. Afinal, muitos momentos ainda ocorrerão. E como sou e estou dramático!
Minha mãe chegou de viagem hoje. A sua volta foi decisiva para definir algumas coisas em mim: gosto de casa vazia, silêncio — isso não é muito novo —, da inércia, da ausência de movimentação e das paredes.
Depois dessas definições, pude começar a indagar do meu comportamento, quando estarei milhares de quilômetros de minha casa, num quarto de brancas paredes a refletir a cor da minha alma. Algumas questões não foram solucionadas, mas sei que escreverei acerca do silêncio e da ausência de vozes que não a minha. Sei também que não precisarei estar sob o chuveiro para escutar o som de águas a correr. O silêncio há de ser o som das águas a correr e há de ser sem corvos, pois silêncio não é preto como os rios urbanos à noite.
Estou em dúvida se compro uma máquina datilográfica ou um Netbook para escrever quando estiver longe.
A minha garganta agora dói muito. Dói nunca ter mostrado para ele a música que ainda é nossa, só nossa.
Ela é de Tiê. Ela é uma outra versão de "Te Valorizo", chamada "Te Mereço" e já postada por cá. Deleitem-se:
Até a próxima!
P.S.: fui menos enigmático??