domingo, 6 de janeiro de 2013

Pequena Nota Em Tempo

     É melhor ter amigos, não tê-los ou tê-los longe? Não sei, mas o G.I. disse-me: "O teu problema é que você vive sempre só e suas atividades diárias ajudam nisso". Normal, logo passa. Calminha para mim!

     Meu problema agora é que estou aflito por não ter estudado meu violino hoje. Estou orgulhoso de mim mesmo, sei que fiz bem em todos os meus últimos passos. E meu pai decidiu me visitar todos os dias, como nunca antes. E como ele faz questão de sentir meu toque! Meu desejo interno é de avisá-lo que não estou em tempo para visitas calorosas do gênero, mas não quero magoá-lo.

     Acho que nunca terei V. e ele nunca me terá. Ando tão sabendo de nada nos tempos de hoje. Nem sei se não sei de fato ou se estou mentindo. Não sei... O pior é que sou cético. Que nada de ar estou. Mas bem que ar só é nada em meu pensamento. Ar é algum coisa. Aliás, toda coisa que não é "coisa" mesmo sempre é alguma coisa. Nós que somos intolerantes e egocêntricos. Sempre haverá algo além de nós, é o infinito.

     Não sei de meu futuro. Que angústia e dor não saber d'ele me provoca. Mas e o presente? Farei de meu presente angústias e dores pelo que ainda me será presenteado? Pensando bem, é melhor não fazê-lo.

     Farei compras. Violino novo, vida nova. Eu amo meu atual violino. Aliás, eu amo sua aparência de violino profissional, antigo e valioso. A verdade é que ele é um Eagle VK 644. Não, ele é o Apóllimes. De qualquer modo, causo admirações com a sonoridade que posso extrair dele em condições de um violino que não é ótimo e nem bom, só regular.
     Dessa vez eu quero um violino secular, com cerca de 150, 200 ou 300 anos, no máximo, e com assinatura de luthier, francês ou italiano — fico extremamente em dúvida em tal parte. Os franceses parecem durar mais. Mas os italianos geralmente só têm fama, mas possuem uma sonoridade tão sedutora, são cheios de harmônicos, doces nos agudos e impactantes nos sons graves. São, de fato, encantadores. A verdade é que, no fundo, eu quero um equilíbrio desequilibrado.

     Percebi que é só falar, escrever, pensar em violinos ou em curvos que meu ar, tom e expressão mudam completamente. Estava a assistir a um filme com minha irmã, e eu me distraía ouvindo as notas em mim de arpejos em Sol Maior de três oitavas. Ela ainda pensa que estava notando detalhes do filme...

     Preciso dormir.

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