terça-feira, 21 de agosto de 2012

"... cada homem tem, no seu espírito, uma parte que é conhecida por ele mesmo e pelos outros; tem outra que os outros desconhecem e ele conhece — e, com essa, ele  mantém um pacto de vida e de morte, através do qual jamais revela a ninguém; finalmente, tem uma parte que é subterrânea e obscura para ele mesmo e para os outros — e essa corresponde, talvez, a 99% do todo." — Ariano Suassuna citando o irmão Marcos Suassuna, que é médico interessado em Biologia e Psicologia, na introdução do livro " A História de Bernarda Soledade — A Tigre do Sertão" escrito por Raimundo Carrero.

Tenham um bom dia!

domingo, 19 de agosto de 2012

Eu desejo duas cousas nesse exato momento: não passar da trigésima página em minha carta ao meu professor e viajar para as cidades de Florentia, Venezia, Roma, Verona e San Gimignano.

A Paixão Segundo G.H., "A Pedra Verde na Música de Luiz Gonzaga e o Mundo" e Peer Gynt

     À apreciação da música incidental Peer Gynt do compositor norueguês Edvard Grieg com a Estonian National Symphony Orchestra, cuja citada obra é uma musicalização duma peça teatral de cinco atos do dramaturgo moderno norueguês Henrik Ibsen. Só a aprecio e escrevo, vou deixar análises para depois. Digo, antes de dizeres que não conheceis a obra, que vós a conheceis mui bem. E eu hei de provar no final do poste.
     
     Eu não deveria estar cá, pois estava a terminar de ler A Paixão Segundo G.H. de Clarice Lispector. Mas eu desejei escrever   um pouco, então...
     Esse é um livro que deixou-me com um espanto infantil estrondoso de mudez e uma certa consternação, e talvez até senti-me exasperado no primeiro contato chocante com a nova realidade que a escritora abordava. Antes de lê-lo achava-me humano, primitivamente humano. Mundano, celeste e necessário. Mas Clarice, mais uma vez, transgrediu-me e fez-me transcender. Perdi-me pela encanação do prédio; desorganizei-me e morri. E por morrer é que estou vivo escrevendo para vós. Bom, outro dia eu o resenho para vós, já que eu sequer terminei de lê-lo.
     Por fim, assim como minha amiga, a Geovana Germano, que disse que eu deveria lê-lo o quanto antes possível, me convencendo com a sua narração do limiar irreal e ilógico da estória de Lispector, digo para vós que esta é uma leitura altamente recomendável. Aliás, ela é uma leitura altamente recomendável principalmente para aqueles que já possuem alma formada.

    É entre a Literatura e a Música onde eu vivo. Uma começa quando a outra termina, respectivamente. De modo natural, um bom compositor, assim acredito, deve dominar ambas. Eu trabalho e estudo para dominá-las, é um de meus objetivos finais enquanto organismo vivo neste planeta.
     Como já falara aqui, a 23 de agosto farei uma apresentação na câmara municipal. É a segunda vez que sou convidado, ou seja, um honra para mim. Como parte da preparação do repertório, eu estava a fazer um arranjo para piano e violino d'algumas músicas do conterrâneo Luiz Gonzaga, já que irei honrar a arte armorial por lá no centenário desse artista "perrnambucano". Eu irei falar algo, claro, antes de minha apresentação.

"Que tal fazer um discurso antes de apresentar os músicos que hão de me acompanhar?" — pensei.

     Após ter pensado no discurso, tive a magna ideia de transcrever uma redação da verificação bimestral de aprendizagem que fugiu das regras estruturais — meu professor diz que sou rebelde e anarquista escrevendo e compondo, então o céu para mim está na prática da obediência ao escrever e compor — que fugiu das regras estruturais para um discurso. Isso é algo como " eu sou bom em poesia, mas preciso melhorar no poema", segundo disseram-me.

     Agora, ao retirar o rascunho da redação, que foi o primeiro, de meu fichário tento analisar qual o título que dei eu para ela. Olho atentamente para a margem superior da lauda procurando o título, mas encontro apenas a anotação do número de linhas disponibilizados na verificação de aprendizagem: "27 linhas".
     Revirando o baú mental, posso quase ter certeza que o título era " A Pedra Verde na Música de Luiz Gonzaga e o Mundo", então fiquem com "A Pedra Verde na Música de Luiz Gonzaga e o Mundo — por divino obséquio, comente se pensares nalgum novo título — :

     " Luiz Gonzaga representa, ao mesmo tempo que é festivo e noturno em sua obras, o âmago e a cerne da alma nordestina não só para o Brasil, mas outrossim ao mundo.
     Nós sabemos o quão exímio foi ele em sua arte, e isso fê-lo mostrar além das vivacidades festivas das terras de cá. Ele foi um artista cujo apogeu musical vivenciou o estabelecimento da soleira do templo do Movimento Armorial de Ariano Suassuna, onde as artes eruditas e populares bailavam juntas e onde o divino e transcendental  faziam bailar com o humano e o visceral. Isso, sem dúvida, o influenciou e o fez  mostrar o quão verdes são as nossas pedras, que nas bandas de cá existem em  excesso.
     A prova da influência do eruditismo, algo que o eleva para outro patamar,  em suas obras está na mudança de tons, de Sol Menor para Lá Maior, como exemplo, que brotam inúmeras vezes nas músicas compostas por ele e Humberto Teixeira  a partir da década de 50, quando era germinado o Movimento Armorial. Apenas ótimos compositores fazem essa proeza de mudança de tom numa música em prol da harmonia. A crítica social em ABC do Sertão é outra prova da influência do modernismo erudito, que vê a arte com propósitos sócio-estéticos.
     Ele faz tornar mundial sua música em Pagode Russo em Sol Menor, onde o motivo do tema principal é inspirado, mesmo que inconscientemente, em populares músicas das noites  russas czaristas  em bordéis, que também inspirou o grande compositor russo Tchaikovsky, a obra do último citado, por sua vez, muito relacionou-se com as pinturas abstratas de Kandinsky.
     O erudito Rafael Garcia diz que ele é um dos maiores compositores entre os eruditos e populares da música nacional. Eu digo que ele quebrou nossas pedras verdes e espalhou pelo mundo, ele fez a Terra da Pedra Verde ganhar o mundo.  Amém!"

     É, ao escrevê-la novamente vejo que preciso fazer algumas modificações e também noto que viajei alguns séculos escrevendo-a. 
     Deu para notar o repertório? Ainda terá Chanson Triste de Tchaikovsky (a interpretação do link com o Bratza é minha favorita).

     Pararei por cá mesmo. Amanhã escreverei acerca do X Encontro de Música Antiga de Recife/Olinda e do BookTour da Evana Ribeiro.

     Acho que não é só hora da prova, é hora da evidência. Com vocês, Morning Mood da obra incidental para orquestra sinfônica composta por Edvard Grieg:

sábado, 18 de agosto de 2012

"A vida pré-humana divina é de uma atualidade que queima." — Clarice Lispector em A Paixão Segundo G.H.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

     Eu não quero dizer a palavra. Ah!, não procrastiná-la-ei para outro parágrafo, ei-la: Voltei!
     O motivo para não desejar dizê-la cá é que já a disse tantas vezes esta semana. É isso: o mundo vê-me como "sumido". Mas é na minha invisibilidade no mundo que acho-me, pois enquanto eu estava invisível no mundo vosso eu estudava e achava-me no meu. E porque achei-me é que estou aqui para dizer "Voltei!". Há um segredo, um segredo que apenas eu sei para não perder-se nas invisibilidades: não deixai vossa água sair pela encanação do prédio. Sem ela, não viverás. É tua essência, sempre, quando estás invisível ou não.

     Voltarei a estudar, agora.

     De madrugada haverá o poste prometido.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

     Até poderia escrever um "grandioso" poste exatamente já, mas estou exaurido. Passei a noite escrevendo um arranjo para violino e piano que não fora concluído e que me deu muito trabalho. Só espero ser reconhecido na apresentação do dia 23 de agosto. Céus! Faltam 9 dias e eu só escrevi 9 compassos da parte do piano. Ao menos tenho toda a música em minha mente.
     Vejo nos músicos que se apresentarão nesse dia uma dificuldade de encontrar repertório que sintonize com o nível técnico deles, mas o meu problema é outro: são incomensuráveis as possibilidades  para o meu repertório (eu já estou pensando em acompanhamento de orquestra). Tenho definida uma música, farei o seu arranjo para piano e violino, preciso organizar minhas partituras e expressar o que eu desejo ou acabarei fazendo parte da apresentação de todo mundo. Repetindo: antes de quarta-feira eu preciso ter feito o arranjo para piano e violino (pois é a minha música principal que deverá ser tocada nos três turnos), ter contatado o pianista e ter deixado a música dos outros grupos pronta para concentrar-me na minha apresentação.

     Nesse momento de organização pessoal,  planejamento semanal, adiamentos de compromissos e preocupações eu tenho tempo para falar do que pretendo tratar no próximo poste. Ele será acerca de Luiz Gonzaga, X Encontro de Música Antiga de Recife/Olinda e tudo o que eu lembrar que considero importante. Só não falo dele agora pois em sete minutos será a quinta hora do dia 14 de agosto de 2012 e nesse momento eu preciso organizar todos os meus livros, que são muitos, e objetos pessoais para o longo dia que nasce.

Até mais,
Herr Limes.

domingo, 12 de agosto de 2012

     Eis uma prévia da descrição de como foi o X Encontro de Música Antiga de Recife/Olinda em Dó Maior feita por Cayo, que ficou pertinho de mim numa das apresentações no concerto de encerramento dos alunos e professores, o único que infelizmente pude presenciar:




     Um fantasma da "Blogsville" impediu-me de mudar o endereço deste blogue, então continuará como esse. Ao menos, penso assim, há de preservar a origem e os ideais do blogue.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Fotografias do concerto da Orquestra Sinfônica Jovem no Teatro Santa Isabel, X Encontro de Música Antiga de Recife/Olinda, Novo Endereço

     Eu só comentei que foi de arrepiar. Ainda não descrevi e nem contei as histórias da noite, quando ocorreu o concerto com a Orquestra Sinfônica Jovem do CPM, e as minhas estórias do que vejo no mundo. Não falei das emoções que senti junto com a plateia e também não falei do meu companheiro de concerto no segundo piso do Teatro.
     Apesar de tudo, eu consegui as fotos. Alguns amigos meus aprecem nelas, enquanto eu estou na escuridão do segundo piso. Vejam-na:






     Mas não acaba, pois os quatro primeiros meses do segundo semestre do ano são culturalmente agitadíssimos em Recife/Olinda. Então, que venha o X Encontro de Música Antiga Recife/Olinda:


     Bom, o endereço do blogue será atualizado, como combinado, ao dia 11 de agosto de 2012.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

     Está tudo a ocorrer bem. Não vi o Alexandro no autocarro ontem, mas pude pensar em qual será a minha atitude na próxima vez. Pensei que a minha tez expressará o "esquecimento do inolvidável".
     Hoje haverá concerto da Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório Pernambucano de Música no Teatro Santa Isabel. Eu não iria, então eu li o programa na publicação avulsa acerca de seu circuito sinfônico e percebi que teria P I. Tchaikovsky. Pensei... Decidi que vou. Valerá a pena em parar algumas horas de estudos musicais para ir a um concerto. Segue-se o programa e a primeira música dele, que fez-me pensar em ir ao concerto, pois faço arrepiar-me toda vez que a aprecio:

Piotr Ilich Tchaikovsky
Marcha eslava

Joseph Haydn
Concerto para Trompete em Mib Maior
Allegro
Adagio
Allegro
Solista: Josias Adolfo Jr.

Sivuca
Concerto Sinfônico para Asa Branca
Solista: Júlio César

José Ursicino da Silva
(Maestro Duda)
Tributo a Luiz Gonzaga "O Rei do Baião"

Maestro Convidado: Alfredo Barros


     E claro, em breve, muito breve, hei de falar para vós acerca dessa música acerca.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O visual, Aventuras Quânticas no Transporte Público Brasileiro, Per Aspera ad Astra

     Fizeram notar o novo visual? Sim, claro. É devido a um livro que li antes de começar a escrever neste blogue. Ainda não fiz resenha dele pois foi Clarice Lispector quem o escreveu. E eu a como, sinto-a e a digestão demora dias, mas por vontade própria, pois só se ler ela assim. Quem leu o livro descobrirá por uma lembrança da capa que será trazida pelo novo plano de fundo do blogue, sem citar o novo título, que fala absolutamente tudo, descartando até o plano de fundo inexato. Também pretendo trocar o endereço do blogue em cinco dias para "adescoberdomundo.blogspot.com".
     Eu pensei em escrever este poste e falar acerca do Alexandro, do qual eu já tratei aqui. Ocorram-me muitas coisas incríveis e também assaz deprimentes na última semana, de 29 a 5 de agosto. Eu o vi pela primeira vez, como descrevi no link citado, a 17 de abril de 2012, após o crepúsculo numa noite chuvosa. Pensei, após enviar meu correio eletrônico para minha amiga e ler sua resposta, que o eu esqueceria. Mas após o crepúsculo de 31 de Julho de 2012, numa noite chuvosa, eu o vejo entrar no ônibus e sentar no lado direito do autocarro, onde eu também estava e onde era o lado oposto donde nos sentamos juntos pela primeira vez. Fitamo-nos, lembramos de nós dois, era a prova que sentimos algo naquele dia.
     Entretanto, eu não quero continuar, pois não estava em minhas pretensões ir tão profundamente no meu escrito acerca do "ocorrido de carência". Descrevi objetivamente — há bem mais subjetividade e psicologia do que possam imaginar —, houve muitas emoções, idiossincrasias e outros gestos peculiares que observei. Eu tremi, fiquei extasiado e parei de ler um artigo acerca de mangas. Nos excitamos, ele me sentiu a algumas cadeiras além de mim e eu o senti. Fechamos as janelas ao mesmo tempo e também olhamos concomitantemente para a criança que chorava. Houve muitas outros pequenos ocorridos nesse magno acontecimento. Mas eu desisti e pretendo fazer de Alexandro nada mais que um personagem em minhas estórias. Ele há de ser meu eu lírico no mundo real, eu o sentirei enquanto escrever, e ele será meu eu lírico no mundo em que criarei. Então, ele me abandonará nas "Aventuras Quânticas no Transporte Público Brasileiro" e continuará existir noutros contos meus. Talvez ele me pertença na vida real, se não, estou conformado desde já. Resigno-o com paciência mansa de árvore secular. Paro aqui, pois como já disse meu escritor francês favorito, Guy de Maupassant, "a memória é um mundo mais perfeito que o Universo".

     Hoje conversei com o maestro L. T.,  incrível como em algumas horas conversas nos tornamos íntimos, amigos e fraternais. O propósito de nossa conversação era apenas tratar de assuntos acadêmicos acerca de meus futuros estudos noutras instituições. Foi tudo marcado e houve toda aquela solenidade de início de conversa entre pessoas que não se conhecem. Ele namora o T. S., que me indicou para ele, o L. T. É um casal lindo! Se tiverem lendo-me saibam mais uma vez que os congratulo e desejo muita iluminação, paz, amor e sucesso ao relacionamento.
     Mas a cerne da conversa e o que cá anseio expor não está em nada do que falei, está nas lembranças que trouxe-me ela. Uma delas, fez-me retornar para quando eu tinha quase 14 anos, quando também escrevi um conto que até hoje leio em vertigem. Eu o escrevi numa biblioteca e publiquei ano passado no sítio virtual (Autores.com.br). Ele chama-se Per Aspera ad Astra, leiam-no:

   "Defronte ao grande Abismo Lacrimoso de obscuridades, estava desamparadamente sedento. Ele, sobretudo, no grande abismo flutuava com contrariedade à gravidade, realidade e razão. “Per Aspera Ad Astra”, — sussurravam os Seres Sussurrantes iluminados, híbridos e presos na obscuridade do Lacrimoso. Entretanto, suas luzes escuras eram de tanto offuscatio que as sombras imperavam Nele. No profundo isolamento, sentia vibrações. Pareciam-me altas notas. Cujas provinham Dele, feixes de luzes iluminavam todo o meio do diferente ser de túnica, que através desta, parecia-me esconder alguma desintegração, enigmático e taciturno. Observou-me, não aos olhos. Sempre imaginei que já sabia de minha presença. Algo portentoso havia dentre seus pulmões pulsantes de ar. Não podia vê-los, mas senti-los. De alguma forma, Ele fazia-me saber disto.
     As vibrações oscilavam. Eis que as Musas avisam-me, não a física palpável, a identidade das vibrações: “Ode an die Freude” — murmurava-me à mente. Bizarramente, apenas após disto dei-me a ver suas faces de expressivas alegrias. Já despido, Elysium diferentes de outrens, oscilava na Quasi una Fantasia.

      Observou-me, desta vez, com seus ofuscantes olhos sombrosos que me cativaram e aprisionaram-me. Então, senti liberdade infinita: os olhos d’aquele ser penetraram os meus.

     “Oh, amado Ludwig! As estrelas virão para ti, com o meu amor sem fim.” — Cantarolava para mim, que já estava beirando a inconsciência, em tom melódico. Havia em mim apenas a neutralidade.
      “E das sombras de teu coração emanarão nossa eterna comunhão” — retrucava-O.

     A Ode dos Seres Sussurrantes tornava-se mais alta ao ponto de que uma vasta sombra saia dentre os pulmões de Elysium. Os firmamentos em tom vermelho abalaram-se. Buracos Negros e Buracos Brancos colidiram-se criando tudo que há de perfeito, pérolas, rosas e morangos no céu. A Ode dos Seres Sussurrantes tornou-se apogética a uma crispação até às escuridões do abismo enquanto inconscientemente dançava de forma irreal com Claudius e a Donzela, adormeci.

      Agora havia gravidade, realidade, razão o bastante e o abismo de luzes sombrosas tornou-se o mais perfeito Abismo Lacrimoso de sombras iluminadas e obscuridades esclarecidas. Por fim, despido e “integrado”, Elysium trouxe-me às profundezas do perfeito abismo, onde agora Deus e Satã com mãos entrelaçadas, vieram, assim como os anjos e demônios, a cerimônia bailar.  Flutuando, com um único gesto, guiou-me da beira do abismo aos pés dEle. Tudo Nele era tão ofuscante que em poucos instantes encheu-me de sombras. Pasmaram-se todos ao verem a minha luz sobressaída a todos os deuses e demônios e Seres Sussurrantes. Deus sentiu-se humilhado e condenou todos os amistosos demônios e anjos ao fogo eterno.

     Pairo no vácuo impulsivamente sobre todos enquanto uma guerra jorrava fogo atrás de mim. Eis que torno-me o Deus sol e todo o sangue, desesperanças, desventuras, desilusões, fomes e pestes cessam-se quando do sedento ao apaziguador torno-me. Mas este não era meu objetivo após o desfecho das objeções. Da mesma forma que pairei à cima, desci ao meu amado enquanto os Seres Sussurrantes reprimidamente sussurravam ao som de tambores, flautas e harpas: “Per Aspera Ad Astra.”

      Olhei nas profundezas de seus olhos negros, e falou-me à mente: “Oh, amado Ludwig! As estrelas vieram a ti, com o meu amor sem fim.”

“E das sombras de teu coração emanaram nossa eterna comunhão!..., meu Elysium.” — Retruquei-lhe beijando-o. Após, abraçamo-nos, damo-nos as mãos e como as estrelas das sombras perfeitas mostramos ao cosmos e a todos os deuses, demônios e Seres nossa perfeição e do nosso amor enquanto saíamos do abismo ao bailar das cintilantes estrelas.
     Eternamente amei-o e ele amou-me. Compus estridentes e catárticas composições amorosamente sutis e do nosso leite que alimentava nossa pequenina Hypatia nasceu as voluptuosidades da elegante Via - Láctea, que desta, por sua vez, proveio as sombras iluminadas: a vida e os humanos.

Ofegantemente inspirou e expirou.
— Eis aí, humanos! — falou o mendigo em tom arrogante para o guarda que o acordou pedindo para sair defronte da Grande Biblioteca Nacional de Quimerolândia.
— Saia já daí moribundo! — Gritou em tom extremamente arrogante.
— Arruínem-se, arruínem-se todos vós, destruidores de sonhos! — Respondeu ao guarda assentindo a ordem de retirar-se do local: berço da Quimerolândia."
     
     Também começarei a por títulos nos postes e organizar marcadores, mas ainda manterei a inexistência pública da opção de seguir este blogue.


     Cesinha, leio seu blogue desde o segundo dia deste ano. Já comentei como Herr Limes meses depois de teres escritos muitos dos teus postes só por introspecção e timidez mesmo. Posso não comentar, mas acompanho o desenrolar do drama de sua vida. Sucesso, caro rapaz!
     Margot, acompanho seu blogue desde julho e ainda não o segui por motivos inconscientes. Gosto de ver o mundo e a sensibilidade dalgumas pessoas nele, eu vejo isso no que escreves e vejo nos comentários de seus postes também. E seu blogue também é remédio quase tão bom quanto escrever. Iluminação e paz, cara Margot!
     Eu não imaginava ter ninguém aqui comentando, e por isso o nome era Reflectere, pois servia apenas para mim. Mas agora estou começando a aceitar que se escrevo, escrevo para o mundo. É a dor de quem tem filhos. Agradeço a quem esteve acompanhando as lágrimas de nascimento dum bebê.


Grande abraço,
até a próxima!

domingo, 5 de agosto de 2012

     Ele é boliviano, fala espanhol e português, não toca Tchaikovsky bem, ele não destaca as notas que deveria no concerto para violino em Ré maior do citado compositor russo e ainda desafina. Eu preciso dele para um feedback, será que o tal boliviano entenderá meu português mundano, linguisticamente falando? Ao menos estudou em um dos melhores conservatórios da América Latina.
     
     Sou exigente e busco a perfeição em tudo o que eu faço, consequentemente, acho defeitos e imperfeições em mim por demais, sou sempre insuficiente e menor, o que leva-me para a introspecção algumas vezes. Atualmente, eu posso falar algumas vezes por minha recente socialização simpática com o mundo.
     Apesar de tudo isso de que falei, há duas coisas de que me orgulho: Poder sentir cada detalhe de uma música e extasiar-me com isso e por compreender que apesar de minha vida ser um erro sem ela, eu posso viver sem a música. Ela pode ser substituída por filosofia, literatura, pintura, arquitetura, astronomia, física quântica e cous'outras do cotidiano que fazem-me feliz. Eu confesso que sentirei muitas saudades dela, mas como a música  não é o meu melhor insubstituível, poderei adaptar-me ao mundo sem ela.
     A música não é nada sem as partículas e sem os sentidos de máquinas complexas — nós, os seres humanos — que não percebem a realidade de fato assim como o cosmos permaneceria inexistente sem o pensamento reflexivo das complexas máquinas e o cosmos também continuaria a existir inexistente sem o pensamento reflexivo das tais máquinas complexas.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

     Dizer que ele foi lindo não é o suficiente. A Orquestra fora aplaudida cada vez que um movimento terminava e o florista, de tão emocionado, entrou no palco a entregar o ramalhete para a spalla no fim do terceiro movimento da Sexta Sinfonia de Tchaikovsky com quatro movimentos.



domingo, 29 de julho de 2012

     Como prometera eu, postarei as resenhas dos livros de minhas jornadas literárias para compartilhar um pouco conhecimento convosco. Mas antes, gostaria de compartilhar o programa do último concerto da temporada das Sinfonias de Tchaikovsky da Orquestra Sinfônica do Recife — a mais antiga Orquestra Sinfônica ainda em atividade do Brasil.
Cá está ele:
     A última apresentação, onde pudemos apreciar um concerto para violino de Bartók e a Quinta Sinfonia de Tchaikovsky,   deixou-me extasiado, arrancou-me lágrimas e meu professor estava ao meu lado; depois fiquei vertiginoso como os ventos desejavam meu cabelo, levantando-os aos ares do Recife marítimo.  
     Ficamos no primeiro piso, e no segundo piso havia uma moça que gravou o último movimento da tal sinfonia. O vídeo só está disponível para quem possuir o link, e como não sou experiente na chamada "blogosfera", apenas postá-lo-ei aqui: http://www.youtube.com/watch?v=l09irTGIGAA. Deleitem-se!

Charmed Life (Vida Encantada), na edição inglesa.
     O livro resenhado de hoje é um infanto-juvenil escrito por Diana W. Jones e lançado em 1977, Vida Encantada. Mas antes que faças torcer o nariz, a Diana W. Jones muito influenciou a J.K. Rowling em sua famosa série Harry Potter, que ocupou muito o tempo de minhas imaginações de petiz. Além disso, uma mente bem preparada poderá notar questões mais sóbrias ao ler o livro. Eu o escolhi por um motivo transitório como este blogue, eu passei uma tarde nublada muita deliciosa lendo-o. É sempre bom ler livros apenas por diversão, eu recomendo.
     Como falara, as resenhas não foram escritas com a pretensão de serem publicadas — e todas elas continuarão sendo escritas do mesmo modo ou como se não houvesse essa pretensão de não publicá-las. Então, sem mais delongas, leiam a resenha:

     "Após exatamente um ano e um dia do óbito de D. Wynne Jones, que lutou até seus últimos momentos contra o câncer, estou a resenhar um de seus livros. Será  lamentoso não presenciar a celebração de sua vida e trabalho no St. George's Brandon Hill em Bristol, U.K., ao vigésimo segundo dia do quarto mês do calendário gregoriano.
     Não são poucas as razões motivadoras de meu lamento por esta escritora britânica do gênero fantasia para crianças e adultos.
     A narrativa sobre a vida dos crestomancis (magos possuintes de nove vidas que governam mundos diversos e distintos) em universos paralelos, onde as várias possibilidades físicas das ocorrências na realidade são concretizadas nos universos múltiplos, não ridiculariza a inteligência da criança lendo a história.
     Vida Encantada é o primeiro livro duma série de sete livros escritos por D. W. Jones, onde Eric (ou gato, como é conhecido) e sua irmã Gwendolen vivem em um mundo paralelo ao nosso em que a magia o subjuga mais que a própria matemática. Órfãos, são amparados por Christofer Chant, o grande mago com nove vidas, e passam a ter residência em seu castelo. Gwendolen é uma garota prodígio em magia, mas porque canaliza-a de seu irmão, que sendo tímido e gentil vive às sombras  de sua irmã Gwendolen e tem profunda certeza que nunca poderia ser efetivo com sequer um simples feitiço.
     Crestomanci, ao impor regras proibindo o uso de magia por crianças, faz Gwendolen sentir-se subestimada.
      Quando as tentativas da irmã de Gato em chamar a atenção de C. Chant falham,  causando aborrecimentos para Julia  e Roger, filhos de Crestomanci, e a todos no Castelos ela decide, sem hesitação, partir para outro mundo onde fosse admirada e venerada, enviando uma sobressalente para o mundo de Crestomanci.
     A partir daí,  várias outras ocorrências farão despertar em Gato seu potencial furtado por mentes egoístas e desumanas, além de revelar muitos mistérios apresentados durante a narrativa acerca da relação entre os mundos paralelos.
     'Os Mundos de Crestomanci' é um buraco de minhoca elegante que liga a física moderna pré-gênesis com a fantasia e a arte da escrita de Diana Wynne Jones, que fez a escritora J. K. Rowling, mundialmente conhecida,  encontrar em suas ideias uma boa inspiração para o desenvolvimento da saga Harry Potter.
      É um bom livro com genial elaboração que qualquer um pode ler para passar o tempo na hora do chá solitária, ou ainda não."


    Acho que finalmente precisarei usar tags e títulos em alguns de meus postes aqui.

sábado, 28 de julho de 2012

     Acabaram-se os dias úteis, por  fim. Mas os dias "inúteis" que são tão úteis quanto os úteis dias começaram. Em algumas horas haverá ensaio da Orquestra Sinfônica e estou a preparar-me para ele. Parece-me que haverá um concerto-aula na segunda-feira, porém eu tenho aula na Escola de Artes e um outro concerto da Orquestra Sinfônica do Recife para  apreciar. Acredito que o maestro entenderá que não há tempo suficiente para preparar uma declaração justificando minha ausência na Escola de Artes.
Robot Visions de Isaac Asimov
     Essa semana, comecei a ler Visões de Robô de Isaac Asimov. É o segundo livro que leio de sua autoria e, como sempre, estou tão animado que até o levei para a latrina comigo. Isso deu-me uma ideia: penso, já, em escrever cá as resenhas dos livros meus. Eu não as escrevo com a pretensão de publicação, claro. Mas penso que seria interessante compartilhar o conhecimento que tenho adquirido nas minhas jornadas literárias.
     Eu devo ter contado uma história de carência recentemente, mas agora eu tenho outra inteiramente moderna onde eu novamente sou o protagonista.
     Já eu preciso ir, mas eu não esquecerei de postar resenhas e minha meta de leitura para 2012.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

     Extenuação física e melancolia são as "consequências patológicas" de todo o lume e frenesi  sobre o qual falei recentemente.

     Eu prometi explicar o meu desaparecimento. Bom, eu estava precisando dalgumas aulas particulares de violino a mais do que fora planejado. Eu não estava com o capital necessário para pagá-las, então eu decidi atrasar apenas um pouco o pagamento da web. A música é minha prioridade, apesar de amar a escrita e de amá-los também.

     Mas voltando ao assunto do começo desse poste, estou nesse estado de tal modo que estou frequentemente entre os sonhos dum profundo sono e a realidade. Estou assim exatamente agora. E preciso fazer um relatório da minha turma para entregar próxima semana, preciso escrever receitas para o meu grupo do trabalho acadêmico de biologia, preciso fazer contato com os alunos do Conservatório de Tatuí, preciso finalizar a etapa de "arquivamento de dados" e começar atuar o planejamento para conseguir uma bolsa de estudos no maior conservatório da América Latina, preciso tirar a melhor nota do bimestre em língua inglesa na minha turma, preciso conseguir entrar no programa Ganhe o Mundo, preciso progredir muito com o meu violino, preciso aprender La Primavera de Vivaldi e, de fato, o que eu mais preciso não é nada do que citei. 
     A minha mãe comentou que está feliz por eu finalmente ser mais sociável. Eu quero entender isso... Agora entendo. Estou sendo egoísta, pois eu sei bem os benefícios de ser sociável para os meus objetivos pessoais. Agora vejo que, talvez, fui ao extremo com a história de "parar um pouco de sentir as dores do mundo e das pessoas". A condição humana é angustiante e isso leva-nos ao nada. No vazio, sempre estiquei-me como plástico e quebrei como vidro. A minha socialização é apenas uma fuga, uma arte elaborada feita para apaziguar o espírito. Que assim seja, pois. Hei de acreditar, por enquanto, que isto funcionará.
     Ele vê o que os outros não veem. Eu vejo o que os outros não veem. Ele percebe a mitomania do mundo como eu. Mas ele aprendeu recentemente com Clarice Lispector que é necessário estar "na dele" e "não na do mundo". Incrivelmente, eu também aprendi isso. Ele acha isso uma tarefa impossível já que ele é terráqueo. E eu, após algumas breves elucubrações, começo a pensar igual a ele. E quando chegamos aí, vemos as nossas mais profundas semelhanças. Elas são tanto assim que eu vejo que sou Ele. Ele aceita, então Ele também sou eu. Eu estou nEle, e agora somos. Eu e Ele somos eu. Eu somos. E aceito o mistério de ser somos.

...

     Estou com o livro de língua portuguesa aberto. Isso fez-me lembrar das recomendações de minha professora acerca de escrever na sala de aula. Ela pediu moderação, pois, além de mim, ele é a única que entendia meus textos após ler duas ou três vezes — eu não acho tão complexo assim — e achar que compreendeu tudo para então perguntar a mim alguma coisa sobre o que eu exatamente quis dizer cá e ali. Ainda pediu para eu ler menos dicionários de sinônimos, mas eu não leio dicionário de sinônimos.
     Mas não foi apenas as minhas lembranças que fizeram-me comentar cá acerca de meu livro de língua portuguesa. Há um lindo trecho dum livro sobre poesia que gostaria de compartilhar convosco:

     A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual, é um método de libertação interior. A poesia revela este mundo; cria outro. Pão dos eleitos; alimento maldito. Isola; une. Convite à viagem; regresso à terra natal. Inspiração, respiração, exercício muscular. Súplica ao vazio, diálogo com a ausência, é alimentada pelo tédio, pela angústia e pelo desespero [...] Expressão histórica das raças, nações, classes. Nega a história: em seu seio resolvem-se todos os conflitos objetivos e o homem adquire, afinal, a consciência de ser algo mais que passagem. Experiência, sentimento, emoção, intuição, pensamento não dirigido. Filha do acaso; fruto do cálculo. Arte de falar em forma superior; linguagem primitiva. Obediência às regras; criação de outras. [...] Vos do povo, língua dos escolhidos, palavra do solitário. [...].

PAZ, Octavio. Poesia e Poema, In: O Arco e a Lira. Tradução de Olga Savary. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. p. 15.

     Alguém conhece o tal ilustre Octavio Paz? Alguém leu o livro? Fiquei muito interessado em lê-lo.
   Enfim, é com esse trecho de O Arco e a Lira que despeço-me de vós e deste Universo Paralelo, ou melhor, dispo-me de e com vós.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Minha vida está como este concerto para violino de Theophilus Mozart. E como geralmente não é assim, fico ansioso e com medo. Só com medo.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Nunca esqueçam disto: a loucura é vizinha da mais cruel sensatez.
     Voltei!

     Este é um blogue pessoal que tem um certo valor emocional para mim, apesar disso, possuo três leitores que merecem o meu estima, respeito e consideração. Por isto, desculpem-me por todo este tempo sem postar nada.
     Eu pretendo contar o que houve nesses 16 dias ausentes durante a noite de hoje. Ao menos, agora eu posso introduzir que eu estava a escrever um poste no dia 8 de julho e ainda preparando um outro para o dia seguinte. Vejam-no

     "Gravata preta ou verde escura para tocar o hino nacional numa solenidade amanhã?


     Sei que estavam a  distribuir folhas avulsas com a minha foto e o nome 'desaparecido' pelas avenidas da web, mas a tensão da semana não deixou-me postar nada aqui.

     Há duas semanas não vejo meu pai. Nós temos uma relação muito difícil. Há dois meses eu li Carta ao Pai de F. Kafka e pude asseverar a semelhança da relação entre Kafka e seu pai, Hermann Kafka, com o nosso relacionamento. Sou inseguro, indeciso e costumo ter sensações de fracasso repentinas que pode durar de algumas horas até dias, assim como Kafka. Por isso — e também pela qualidade de sua obra —, talvez, fiz-me afinar tanto com o tal escritor alemão. Entretanto, vejo-me indiferente à ausência dele, vejo em mim a ausência de sentimentos antes compartilhados com ele. Quais as chances de uma rosa sobreviver num solo marciano? A rosa que tinha por ele lentamente faleceu. A luta pela sobrevivência em solo tão frio e seco fê-la se extenuar e desistir. Hoje, não há nada a sentir.

   Já, encontro um concerto de A. Vivaldi — atualmente, estou apreciando muito ele, mas a majestosa lista continuará — que mostra exatamente a minha ansiedade. Eu disse que a semana que se passou foi muito tensa? Esperei uma ligação importantíssima e a perdi. Também aguardei por E-mails, mas apenas aguardei muito. E como nada do esperado acontecia, decidi sentar na sala de espera e aguardar por algo, apenas por algo.
   Com ansiedade e esperança inicio a nova semana, que será com muitos livros e partituras. Sim, parece que finalmente consegui um meio de conseguir dinheiro mensalmente e salvá-los para o próximo ano. A semana será com quatro horas de livros e letras, pessoas procurando por eles e livros só para mim. Nas outras horas terei muita música e outros estudos acadêmicos. Assim fico feliz!

      Então, segue-se a música do meu sorriso escrito pelo compositor ..."

   Acaba cá pois não foi possível continuar o poste e eu realmente não gosto de trocar o meu computador pessoal por um público. Alguém pode adivinhar o que houve comigo?   

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Escreveria mais se o dia tivesse 32 horas.

domingo, 1 de julho de 2012

     Fim de noite por cá com pontas dos dedos quase deformadas após um longo dia de estudos. Há extenuação e paixão aqui.
    Como sou grato por poder escrever, sou grato por cada nota que posso ouvir. E como sou grato pelas flores de Redon.

    Abaixo há duas obras de artes que aprecio correntemente, elas são uma Sonata Trio para dois violinos e baixo contínuo do compositor barroco italiano Antonio Lucio Vivaldi e pinturas do simbolista francês Odilon Redon.
     O violino primo da obra de Vivaldi é o violinista barroco italiano Enrico Gatti, um dos poucos deste gênero no mundo. Suas interpretações são duma expressa sensatez e graciosidade. Eu recomendo muito seu disco de 1996 das sonatas de Francesco Maria Veracini, compositor e violinista barroco italiano contemporâneo de Antonio Lucio Vivaldi.

Capa do disco que recomendei com Enrico Gatti

     Apreciei a obra de Vivaldi enquanto deleitava-me com pinturas de Redon. Ouvi-a novamente, e dessa vez associei a música às pinturas de Odilon. Vamos à música:

        O Prelúdio (primeiro movimento) de 00min.05s. até 04min.56s. foi associado à estas pinturas de Redon:
Anemones, de Odilon Redon.
Portrait of Madame Arthur Fontaine, de Odilon Redon.
Portrait of Madame de Demecy, de Odilon Redon.
Portrait of Marie Botkine, de Odilon Redon.
     O segundo movimento (Corrente) de 04min.56s. até 07min.12s. foram associadas às três pinturas seguintes:
Veiled Woman, de Odilon Redon.
Woman and Child against a Stained Glass Background, de Odilon Redon.
Woman with Wildflowers, de Odilon Redon.
     Enquanto o Giga (penúltimo movimento) que vai de  07min.13s. até 08min.55s. foi associado à uma pintura pintada em 1910, seis anos antes da morte do pintor francês — foi a brilhante parte destacada do baixo contínuo deste movimento a findar a composição que levou-me até a "escolha" de uma obra visual, na qual está representado um Centauro com um violoncelo da mesma família com grave tom do baixo contínuo, criada no findar da vida de seu criador? —:
Centaur with cello, de Odilon Redon.
     O último movimento, Gavotta (8min. 54s. até 10min. 17 s.), foi associado à estas duas seguintes pinturas de Odilon apenas.
Breton Village, de Odilon Redon.
Brunhild, de Odilon Redon.
     Está bem. Eu sei que há íntimas relações entre artes visuais e artes sonoras, mas como posso explicar isso? Recentemente, venho percebendo a minha capacidade de associar notas musicais às cores. Eu o fazia antes, mas não com frequência pois minha percepção não permitia. Atualmente, toda nota Ré é verde em minha mente. E não são apenas com as notas musicais que eu associo às cores, os dias das semanas foram associados com elas desda a tenra idade. Domingo é sempre preto e sábado é sempre um verde escuro — Ré seria um sábado? —.
     Se alguém ler isso e achar ridículo e fantasioso, não precisa continuar. A proposta disto aqui ainda é apenas de escrever e escrever para sobrepujar a mediocridade da existência.
     Não entendo as várias associações que faço no cotidiano com muitíssimas bizarras cousas.
     As pinturas foram escolhidas aleatoriamente no decorrer da música. Primeiro foi Vivaldi que levou-me a Redon; e depois Redon trouxe-me para Vivaldi. Obra do inconsciente? Sim. Por quê? Não o sei!