domingo, 1 de julho de 2012

     Fim de noite por cá com pontas dos dedos quase deformadas após um longo dia de estudos. Há extenuação e paixão aqui.
    Como sou grato por poder escrever, sou grato por cada nota que posso ouvir. E como sou grato pelas flores de Redon.

    Abaixo há duas obras de artes que aprecio correntemente, elas são uma Sonata Trio para dois violinos e baixo contínuo do compositor barroco italiano Antonio Lucio Vivaldi e pinturas do simbolista francês Odilon Redon.
     O violino primo da obra de Vivaldi é o violinista barroco italiano Enrico Gatti, um dos poucos deste gênero no mundo. Suas interpretações são duma expressa sensatez e graciosidade. Eu recomendo muito seu disco de 1996 das sonatas de Francesco Maria Veracini, compositor e violinista barroco italiano contemporâneo de Antonio Lucio Vivaldi.

Capa do disco que recomendei com Enrico Gatti

     Apreciei a obra de Vivaldi enquanto deleitava-me com pinturas de Redon. Ouvi-a novamente, e dessa vez associei a música às pinturas de Odilon. Vamos à música:

        O Prelúdio (primeiro movimento) de 00min.05s. até 04min.56s. foi associado à estas pinturas de Redon:
Anemones, de Odilon Redon.
Portrait of Madame Arthur Fontaine, de Odilon Redon.
Portrait of Madame de Demecy, de Odilon Redon.
Portrait of Marie Botkine, de Odilon Redon.
     O segundo movimento (Corrente) de 04min.56s. até 07min.12s. foram associadas às três pinturas seguintes:
Veiled Woman, de Odilon Redon.
Woman and Child against a Stained Glass Background, de Odilon Redon.
Woman with Wildflowers, de Odilon Redon.
     Enquanto o Giga (penúltimo movimento) que vai de  07min.13s. até 08min.55s. foi associado à uma pintura pintada em 1910, seis anos antes da morte do pintor francês — foi a brilhante parte destacada do baixo contínuo deste movimento a findar a composição que levou-me até a "escolha" de uma obra visual, na qual está representado um Centauro com um violoncelo da mesma família com grave tom do baixo contínuo, criada no findar da vida de seu criador? —:
Centaur with cello, de Odilon Redon.
     O último movimento, Gavotta (8min. 54s. até 10min. 17 s.), foi associado à estas duas seguintes pinturas de Odilon apenas.
Breton Village, de Odilon Redon.
Brunhild, de Odilon Redon.
     Está bem. Eu sei que há íntimas relações entre artes visuais e artes sonoras, mas como posso explicar isso? Recentemente, venho percebendo a minha capacidade de associar notas musicais às cores. Eu o fazia antes, mas não com frequência pois minha percepção não permitia. Atualmente, toda nota Ré é verde em minha mente. E não são apenas com as notas musicais que eu associo às cores, os dias das semanas foram associados com elas desda a tenra idade. Domingo é sempre preto e sábado é sempre um verde escuro — Ré seria um sábado? —.
     Se alguém ler isso e achar ridículo e fantasioso, não precisa continuar. A proposta disto aqui ainda é apenas de escrever e escrever para sobrepujar a mediocridade da existência.
     Não entendo as várias associações que faço no cotidiano com muitíssimas bizarras cousas.
     As pinturas foram escolhidas aleatoriamente no decorrer da música. Primeiro foi Vivaldi que levou-me a Redon; e depois Redon trouxe-me para Vivaldi. Obra do inconsciente? Sim. Por quê? Não o sei!

2 comentários:

  1. Menino: não tem nada de fantasioso. Você está cruzando distintas áreas sensoriais do seu cérebro... isso é maravilhoso! De uma sensibilidade impar, grandiosa e bela! Ouvi a música, ao mesmo tempo que percorria as pinturas... consegui viajar junto com as suas sensações. Meu amigo, por que você deixa essas belezas aqui nessa canto do universo, não permitindo que mais pessoas sensíveis como você possam desfrutar dessas experiências? Por que? Não entendo...

    Beijos.

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  2. Unillimes..., duas frases saltaram do seu texto perante meus olhos.
    São elas:
    "Como sou grato por poder escrever, sou grato por cada nota que posso ouvir", e " A proposta disto aqui ainda é apenas de escrever."
    Isso, porque escrever pra mim, também é uma terapia.. e muito do que escrevo não vem a público. Escrevo pra mim, e o que vem, não me importa muito se "gostam ou não". Escrever alivia a alma e esvazia a mente dos inúmeros percalços do dia a dia.
    Associar escrita, à música e à arte... é inevitável. Quando estamos num desses mundos, algum outro desses se põe em paralelo conosco e seguimos juntos. Muitas vezes os três seguem juntos; música, arte e escrita.
    Associar cores a sons, a dias da semana... a cheiros.... cheiro de lavanda é lilás(será pela flor?), cheiro de canela é amarelado, cheiro de amor é branco pra mim, com explosões vermelhas...rsrrs. Estranha nossa percepção do mundo né?... Cada pessoa o vê, sente, cheira de uma maneira diferente...

    Gostei de estar aqui.
    Lindas as pinturas e a música, claro!
    Abraços

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